ANNA FLÁVIA NUNES/CAROLINA COUTINHO
Um gari deu um exemplo de honestidade em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, ao devolver para um banco uma quantia recebida de forma indevida. Carlos Corgozinho, de 44 anos, pretendia sacar apenas R$ 2 para comprar cigarro picado, mas o caixa eletrônico liberou R$ 5.730.
Os saques ocorreram no último domingo (18). Carlos queria sacar apenas os R$ 2, dinheiro que tinha na conta. Ao digitar o montante nas teclas da máquina, o gari errou e acabou digitando R$ 20. Para sua surpresa, o caixa liberou os R$ 20. Intrigado com o ocorrido, ele fez outra tentativa, dessa vez no valor de R$ 50. O dinheiro novamente foi disponibilizado pela máquina.
Até chegar ao montante final, Carlos realizou 12 operações de saque em dois caixas eletrônicos da mesma agência. Assustado, ele foi para casa levando o dinheiro e pediu conselho ao pai, que o orientou a devolvê-lo no dia seguinte.
Na segunda-feira Carlos foi à agência, mas os funcionários do local disseram que não constava nenhum problema no sistema e que o dinheiro não era do banco. O gari foi para o trabalho e contou a história para seu patrão. Assim como o pai, o chefe o aconselhou a não gastar o dinheiro.
Na quarta-feira à noite, o banco descobriu os problemas nos caixas e ligou para o correntista pedindo a devolução do dinheiro. O pedido foi prontamente atendido por Carlos, que trabalha na prefeitura de Divinópolis há cerca de um ano e meio. Por mês, ele recebe um salário mínimo (R$ 465). "Desde o primeiro momento eu quis devolver. O banco foi quem não aceitou da primeira vez. Vontade de gastar eu tive, mas sabia que não podia. Não era meu", disse. O valor sacado corresponde a quase um ano e três meses de trabalho do gari.
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