quinta-feira, 8 de setembro de 2011


Guerra Urbana no Rio: A queda da máscara






Diante da TV, observando o caos reinando mais uma vez no Complexo do Alemão, questiono-me sobre tudo o que foi feito naquela área de conflito. Será tão difícil alcançar o fato de que uma ocupação, seja da Polícia, seja do Exército, por si só não resolve coisa alguma? Porque o crime não estava ali, por ser o lugar belo, bucólico, que reúne as condições financeiras para aquele comércio...Não é nada disso.


AUSÊNCIA DO ESTADO, talvez seja a expressão mais coerente para definir as condições favoráveis à instalação de facções criminosas em áreas como o Alemão. Mas essa ausência, não é apenas de polícia...até é também...mas existe muito mais...coisas muito mais importantes...lacunas mais graves a serem ocupadas.


Se o indivíduo de classe média sofre com a falta de perspectivas que o mundo oferece, com a opressão brutal que vem de todos os lados, imagine o jovem morador de áreas menos favorecidas...Essa falta de oportunidades é que se traduz no campo fértil, que as organizações do crime precisam tanto para de proliferarem como fungos.


Então, eis que surgem as UPPs, como verdadeiras tábuas de salvação das áreas de risco. Realmente, em um primeiro momento, a ocupação era mais do que necessária. Mas e depois? Alguns bravos policiais militares e outros tantos cidadãos comuns arregaçam as mangas, tentando implantar projetos de todo tipo, para dar ares de cidadania àquelas comunidades. Mas e o Estado? Muito cômodo assistir em suas poltronas, a ação de terceiros em áreas que deveriam ser encampadas de forma contundente pelo poder público.


Será o terceiro setor, realmente responsável pela implantação de POLÍTICAS PÚBLICAS de inclusão social? Será que não existe alguém (ou “alguéns”) se omitindo? Mas não é uma omissão de ocasião...essa omissão é histórica e a classe média tem muita culpa nisso. Pois sempre foi muito mais fácil para o cidadão do asfalto, ter a sensação de que a pobreza e seus miseráveis estavam em seus guetos, nas comunidades menos favorecidas.


Para uma parte da classe mais abastada, é normal ver a Polícia atuando de forma brutal contra a população dessas áreas, ditas de risco. Afinal, eles representam um risco, não é mesmo? Muitos desejam em silêncio, um louco a disparar petardos de napalm nas incômodas áreas, extinguindo de vez o que tanto os deixa sobressaltados. Só questionam a falta de preparo e condições das polícias, quando as vítimas são seus filhos.


Aí, neste momento, a polícia deixa de servir...seus filhos são pessoas de bem, que podem estar “desorientados”, “confusos” quanto aos seus próprios atos. Jamais é uma questão de mau-caratismo.


É, meus caros,


A maquiagem não é permanente. A idéia da Unidade de Polícia Pacificadora é excelente. Entretanto, sem a associação com políticas sociais sérias, com aporte financeiro e logístico planejado, está fadada ao fracasso a médio e longo prazo.
Anjo da Noite