domingo, 24 de abril de 2011

ZERO HORA: Quando o crime flerta com a polícia.


Mais do que mostrar crimes sendo ordenados de dentro de cadeias, gravações envolvendo traficante que estava preso na Pasc revelam a perigosa relação entre o tráfico de drogas e os aparatos estatais de segurança pública e lançam um desafio: como estancar o poder dos barões da droga.
O gaúcho Paulo Márcio Duarte da Silva, o Maradona, ordenava execuções de rivais, determinava punições a desafetos, coordenava a distribuição de cocaína de dentro da prisão considerada a mais segura do Rio Grande do Sul. Maradona aproveita-se da incompetência do Estado para transformar a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) no seu escritório. Sabe-se disso há cinco anos.
Na semana passada, porém, escutas telefônicas revelaram que Maradona, proprietário de uma boate em Novo Hamburgo utilizada para lavar dinheiro do tráfico de drogas, queria investir no conserto e no pagamento de combustível de viaturas para policiar as imediações de seu estabelecimento. É a primeira vez que se identifica bandidos financiando o aparato oficial de polícia para os auxiliar a praticar novos delitos.
O conteúdo do grampo telefônico inquieta especialistas e expõe as dificuldades para sufocar o comércio de drogas. No diálogo entre Maradona e o comparsa Márcio Alexandre Vargas, o Ceguinho, os dois conversam sobre a necessidade de segurança para a boate do detento. Vale a pena reler a conversa:


Ceguinho – Amanhã, ele já vai entrar em contato, vai botar um soldado e um sargento pra nós, tá? Acerta também doação para a Brigada Militar.
Corregedor-geral da BM, o coronel João Gilberto Fritz surpreende-se com o que define como “uma demonstração de ousadia”:
(…)
Ceguinho – E já vai entrar em contato com o superior, este contato dele, pra nós… Pra dar manutenção pra viatura, entendeu? Que eles tão mal de dinheiro, o Estado, né?
Maradona – Hum.
Ceguinho – A gente dá uma manutenção, compra um combustível pra viatura, estas coisas. Ajudar eles, né?
– Estamos investigando, e espero que não tenha se concretizado a doação, mas não temos registro de algo semelhante na Brigada Militar.
De fato, o que Maradona projetava tem significado mais amplo. É algo novo em se tratando de crime organizado. Como alerta Guaracy Mingardi, especialista na área e ex-subsecretário Nacional de Segurança Pública:
– Uma coisa é pagar para um soldado, ou um policial civil, para ele proteger a sua atividade ilícita. Outra coisa é pagar para uma instituição consertar viaturas, colocar combustível. É o tráfico entrando na instituição, algo muito mais grave. Ele (Maradona) está tão imbricado com a polícia, que parece não ter pudores.
Além de pesquisador e ex-gestor, Guaracy trabalhou durante dois anos na Polícia Civil de São Paulo, na década de 80, para realizar sua dissertação de mestrado.
Coronel da reserva da PM de São Paulo e ex-secretário Nacional de Segurança, José Vicente chama atenção para a tentativa de cooptar agentes públicos para o tráfico de drogas. Como ação preventiva, recomenda aos oficiais da BM “intolerância” com desvios.
– Policiais flagrados recebendo dinheiro de bandidos, por exemplo, mesmo valores insignificantes como R$ 1, devem ser demitidos. É uma forma de sinalizar para a corporação que desvios não serão tolerados – pondera.
Promotor de Justiça lotado em Canoas, na Região Metropolitana, Amilcar Macedo observa que a quadrilha de Maradona projetava ainda ingressar na política lançando a mulher do bandido ao cargo de vereadora.
O traficante Maradona pretendia ainda recrutar PMs fora do horário de expediente para assegurar o bom funcionamento interno de sua boate – o chamado bico, prática que, embora ilegal, tem sido tolerada por sucessivos comandos da BM.
– Ele queria contratar sargentos e tenentes de fora de Novo Hamburgo para fazer bico no bar – detalha o promotor.
Os tentáculos de Maradona também visavam à Polícia Civil. Ao analisar dezenas de horas de conversas do bandido que tem apelido de craque, Macedo descobriu o projeto de cooptar investigadores lotados em delegacias da Polícia Civil.
– O Maradona queria informações privilegiadas sobre inquéritos, buscas e apreensões, mandados de prisão – complementa.

RESUMO DA REUNIÃO DAS ENTIDADES E REPRESENTANTES PARLAMENTARES COM OS COMANDANTES DA PM E BM.

No dia de hoje (quarta 20/04) as entidades representativas de classe (ASCOBOM, CSCS, ASPRA, AOPM, COPM E UMMG), o Deputado Estadual Sargento Rodrigues e o Vereador CABO JÚLIO se reuniram com o Comandante-Geral da Polícia Militar Coronel Renato e o Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Coronel Silvio para tratar assuntos de interesse da classe, veja os pontos discutidos:
AUMENTO SALARIAL:
Ficou esclarecido aos comandantes que a Assembléia Geral é uma forma de mostrarmos o descontentamento da tropa com os salários, e que o ideal seria de que não fosse necessário que houvessem tais coisas, mas as conquistas salariais só vieram quando demonstramos a nossa insatisfação com os salários.
As entidades e parlamentares tem a entrada franqueada como representantes de classe nos quartéis para convidar a tropa para a assembléia.
Que todo e qualquer beneficio sera estendido igualmente aos inativos e pensionistas mantendo a paridade salarial.
Juntos discutiremos com o governo o processo de recomposição salarial, ou seja, que reafirmamos nosso pleito em ter um piso de 4 mil reais, estando abertos a discutir a forma de concessão ( uma vez, duas, tres vezes, etc).
A recomposição salarial deve ser na forma de aumento salarial linear, não aceitando penduricalhos (abonos).
Será enviado hoje ou segunda feira para a Assembléia Legislativa um projeto de lei que determinará que todo e qualquer aumento salarial concedido aos militares deverá alcançar os funcionários civis da PM.
Está em estudo algumas formas de beneficio salarial para a tropa:
* Gratificação por atividade extra
* Abono compensatório para os reformados no mesmo valor que o abono de produtividade.
TRANSFERÊNCIAS
Questionado sobre as transferências que assolam a vida do militar, o comandante da PM afirmou que os comandantes regionais tem autonomia para as transferências, mas que casos em que são nocivos a familia, excetuados aqueles casos extremos oriundos de desvios graves, devem ser levados ao comandante geral que reavaliara cada caso.
Que não é sua intenção destruir lares nem prejudicar os militares.
CLARO NA CORPORAÇÃO
Os comandantes infomaram que o governo já autorizou abertura de novo concurso para a PM e BM.
O comandante do Corpo de Bombeiros informou que está analisando a possibilidade do bombeiro, a exemplo da PM, exigir 3º grau.
RELACIONAMENTO COM OS REPRESENTANTES
O Comandante da PM reclamou que "algumas pessoas" (eu principalmente) acham que tudo que acontece de ruim na PM é culpa dele. Que na maioria dos casos ele não tem conhecimento ou não foi ordem dele.
Que deseja estabelecer uma relação de respeito mútuo com todos os representantes de classe, e que está aberto a receber qualquer problema da tropa.

MINHA ANALISE SOBRE A REUNIÃO:
Foi uma reunião com todos os representantes de classe. Eu disse claramente ao Comandante da PM que conhecia dois "renatos", um que estava nessa reunião que estava aberto ao dialogo e preocupado com a questão salarial, e outro que permitia ainda que por omissão "maldades com seus comandandos". Ele disse que esta aberto a receber todos os problemas e que muitas vezes leva a culpa por ato de outra pessoa que toma uma atitude.
Dois problemas foram muito reclamados por vários representantes. A postura arrogante, má e carrasca do Coronel Carvalho, CPE, e o tratamento diferenciado nas punições de praças e oficiais onde foi citado como exemplo o caso do Coronel que estava namorando com a viatura e foi roubado. O Coronel Renato disse que este caso foi apreciado pelo comandante anterior e quando assumiu o comando a punição administrativa de um balão de 8 dias já havia sido aplicada.
Eu disse que estou apto a ser parceiro, mas jamais subserviente, e não abro mão da minha prerrogativa de questionar atitudes que sejam prejudiciais a tropa de modo geral.
Estamos aguadando uma agenda com o governo para discutir a questão salarial.