sábado, 27 de novembro de 2010

Clima é tenso no entorno do Conjunto de Favelas do Alemão

Blindado do Exército no local tem motores ligados na entrada da comunidade.
Polícia e Forças Armadas cercam a favela desde de sexta-feira (26).

Blindado posicionado na entrada do Morro do Alemão (Foto: Henrique Porto/G1)

O clima é tenso no entorno do Conjunto de Favelas do Alemão, na Penha, na Zona Norte do Rio, neste sábado (27). A polícia e as Forças Armadas cercam o local desde sexta-feira (26). Foi para lá que mais de cem criminosos fugiram após a ocupação da Vila Cruzeiro na quinta-feira (25).

Um dos blindados do Exército está embicado numa das entradas da comunidade de motor ligado. A polícia deu um ultimato para que os traficantes se entreguem e avisou que podem ocupar o local a qualquer momento.

Na comunidade foi montado um local para receber criminosos que queiram se render. Ele fica na esquina entre as ruas Joaquim de Queiroz e Itararé.

Comércio fechado

Nas ruas do bairro há pouco movimento de moradores e carros e parte do comércio está de portas fechadas. Ônibus circulam com pouca frequência.

Chama a atenção a presença ostensiva de homens do Batalhão de Choque da Polícia Militar, da Polícia Civil e do Exército que, em ação conjunta, têm revistado veículos e alguns moradores que circulam próximo dos acessos à favela. Até caminhão de lixo tem sido revistado.

A Rua Paranhos, uma das principais ligações entre os bairros da Penha e Olaria, foi fechada ao trânsito. No local, estão apenas homens e carros da Polícia Civil, além de soldados e um jipe do Exército.

Chefes do tráfico presos

Mais cedo, dois homens foram baleados e presos ao furar o cerco no local. Segundo a polícia, eles eram chefes do tráfico na área e estariam envolvidos na queda do helicóptero da corporação no ano passado.

Algumas pessoas foram detidas. Entre elas um homem que, ao ser abordado, admitiu ser foragido da Justiça. A polícia apreendeu ainda uma mochila com cerca de 30 mil dólares.

De acordo com a Secretaria de Segurança, dez homens presos por envolvimento com os ataques no estado foram transferidos para presídios federais neste sábado.

Fonte: G1 RJ

Minas copia o Rio e também terá sua polícia pacificadora

Prioridade será atender regiões de maior criminalidade em todo o Estado

PM tem grupo especial para atuar em  áreas de maior criminalidade

Os mineiros deverão conhecer, a partir do próximo ano, como funcionam as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que no Rio de Janeiro são usadas na guerra entre criminosos e policiais. A reportagem de O TEMPOconfirmou que no pacote de medidas anunciadas, no início desta semana, pelo Ministério da Justiça, dentro do Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci), está prevista a instalação de 218 postos de repressão policial em pontos de alta criminalidade no Estado.

A informação foi confirmada pelo secretário-executivo do Pronasci, Ronaldo Teixeira. Segundo ele, das 2.883 unidades que deverão ser instaladas em 476 municípios brasileiros, até 2014, 218 ficarão em Minas. Um investimento de R$ 1,6 bilhão previsto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) do governo federal.

Os locais escolhidos para funcionamento das UPPs mineiras ainda estão sendo definidos. Na capital do Rio de Janeiro, onde o sistema foi inaugurado em 2008, existem atualmente 12 UPPs que atendem 36 comunidades dominadas pelo tráfico.

Em Minas, as unidades deverão ter perfil próprio, mas funcionarão com estrutura parecida ao modelo carioca. Cada posto contará com uma sede instalada em uma região de conflito e será munido de duas viaturas, duas motocicletas, uma central de videomonitoramento com dez câmeras, mobiliário e equipamentos de repressão à criminalidade. Em cada unidade haverá, pelo menos 12 policiais.

O custo de cada UPP, segundo o secretário do Pronasci, é de R$ 550 mil. Ele explicou que caberá aos Estados a contratação de policiais e, aos municípios, a cessão dos terrenos para instalação do serviço.

Segundo o secretário, a ideia é mudar o modelo de policiamento do país. O funcionamento das UPPs, disse, obedecerá critérios como regiões de maior população e, o principal, com altos índices de criminalidade. "Teremos uma polícia enraizada na comunidade, o que amplia a função de uma polícia repressora para uma polícia comunitária, o que vai propiciar uma aproximação positiva com a população".

Comunidade. Ontem, o coronel Ricardo Calixto, chefe da assessoria de Comunicação da PM mineira, informou que os postos a serem instalados no Estado terão como base a ação comunitária. Segundo ele, Minas conta atualmente com 35 unidades de ação com a comunidade, compostas por van, duas motos e quatro bicicletas, em pontos de criminalidade nas 16 regiões do Estado.

POVs

Prevenção. A PM mineira também possui Postos de Observação e Vigilância (POVs). Neles, três policiais se revezam na vigilância, principalmente de áreas comerciais. Um policial fica na cabine e os outros dois circulam.

REPERCUSSÃO

Especialista diz que UPPs em Minas é exagero

A instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nos moldes que acontecem no Rio de Janeiro não é vista com bons olhos pelo doutor em sociologia e professor da PUC Minas, Luiz Flávio Sapori. O especialista em segurança pública, que já ocupou o cargo de secretário-adjunto de Defesa Social no Estado, entende que Minas não possui uma criminalidade que exija medidas de repressão como as adotadas no Rio.

De acordo com Sapori, o ideal para Minas seria investir no Grupo Especializado de Patrulhamento de Área de Risco (Gepar), que atualmente tem obtido bons resultados em aglomerados da capital. "O ideal seria reforçar o modelo Gepar, capacitando melhor os policiais, melhorando a estrutura e fiscalizando a ação desses policias para evitar a corrupção", disse.

O Gepar é formado por um grupo de policiais especializados, que atuam em áreas de risco. Em Belo Horizonte, o Gepar está instalado, desde 2002, para atuar no Morro das Pedras, região Oeste da capital.

Segundo o coronel Cícero Nunes, comandante de Policiamento da Capital, atualmente são 21 conjuntos de policiais que atuam nos aglomerados. Cada grupo tem de 14 a 30 integrantes. "Esses grupos têm bases territoriais definidas e trabalham próximos da comunidade. Desde a implantação do Gepar, a redução no número de homicídios foi de 50 %". Outras regiões do Estado também possuem Gepar próprio. (RR)

FONTE: O TEMPO