sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

PMs são acusados de agredir policial civil em Juiz de Fora

Civil diz que foi algemado e agredido por PM. Militar diz que houve resistência. A tão anunciada integração entre as polícias Civil e Militar (PM) pode até ter sido realizada no papel, mas a relação entre as duas corporações ficou abalada ontem. O clima entre as polícias “azedou”, quando um policial civil foi algemado no Bairro Santos Anjos. Agente de polícia há 20 anos, Márcio da Silva Ribeiro, 39, transitava com a namorada na garupa de sua moto. Ela estava sem capacete, o que motivou a ação do Tático Móvel da PM, que ordenou que ele parasse. Mas, segundo Márcio, os quatro policiais que estavam na viatura utilizaram força desproporcional, mesmo depois dele dizer que também era policial.

A AÇÃO

— Quando olhei, tinha um policial com a arma apontada para mim. Falei que era policial e, mesmo assim, me imobilizaram, me jogaram no chão e me agrediram. Um PM colocou o joelho na meu rosto, esfregando a outra face contra o chão — relatou, mostrando os ferimentos no rosto e nos punhos em função das algemas.
Uma moradora do bairro, de 70 anos, testemunhou a ação da PM e relatou o que viu.
 — Ouvi muito barulho, parecendo briga. Estava no quarto andar. Cheguei na janela e vi um monte de PM segurando o braço do rapaz e esfregando o rosto dele no chão. Ele gritava que não era bandido. Algemaram ele e jogaram na viatura — contou.

REVOLTA

Ontem à tarde, o clima era de revolta entre os policiais civis que estavam na 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil (1ª DRPC). Segundo o presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil da Zona da Mata (Sindpol), Marcelo Armstrong, há uma portaria que impede que o policial de uma corporação seja conduzido em viatura da outra, o que, na sua opinião, foi desrespeitado. Irritado, criticou o projeto de Integração e Gestão de Segurança Pública (Igesp), que está sendo implantado em Minas Gerais.
— Problemas como o que aconteceu hoje (ontem) já foram motivo de ações em outros lugares. Por isso, houve essa portaria, que, na minha avaliação, foi descumprida pela PM. Ele (Márcio) foi agredido de forma brutal e está com a cara toda machucada.
O governo fala muito de integração entre as polícias. Mas hoje, essa política de segurança pública é uma farsa, como podemos observar no tratamento entre as duas polícias — comentou Armstrong, que relatou ainda que todos os policiais civis assinaram nota de repúdio que será enviada ao Ministério Público, à Ouvidoria Geral do Estado, às chefias das polícias Civil e Militar e à Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
No final da tarde, o capitão Márcio Coelho, da 135ª Companhia de Polícia Militar esteve na 1ª DRPC. Segundo ele, houve resistência por parte do policial civil, o que desencadeou a açãodos policiais militares.
— Foi um fato isolado que será tratado como exceção. A lei permite que, mediante resistência, a PM utilize de força necessária para acabar com essa resistência — relatou.

Fonte: JF Hoje