domingo, 28 de novembro de 2010

Ocupação no Alemão mostra que governo está preparado para entrar na Rocinha, diz secretário

Beltrame afirma que trabalho no complexo de favelas derruba crença de tráfico invencível

A ocupação do complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, mostra que a Secretaria da Segurança Pública está preparada para enfrentar traficantes das favelas da Rocinha e do Vidigal, na zona sul carioca. A análise é do secretário da pasta, José Mariano Beltrame, que falou em entrevista coletiva na noite deste domingo (28). O representante do governo diz que a operação no complexo de favelas mostra que é possível acabar com a “crença de invencibilidade dos traficantes”.

- O complexo do Alemão era o coração do mal onde havia a convergência de marginais. Isso mostra uma perda de moral dos traficantes. Se chegamos no Alemão, chegaremos na Rocinha e chegaremos no Vidigal.

Beltrame afirmou na coletiva que ainda não há a previsão para a instalação de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) no conjunto de 15 favelas do Alemão. Mas, ele destacou que a região permanecerá ocupada e policiada por tempo indeterminado pelos cerca de 2.700 agentes das Forças Armadas e das polícias Civil, Militar e Federal, que ocupam a área.

O secretário aproveitou para agradecer a participação das Forças Armadas e das polícias que, segundo ele, “ a operação não seria bem sucedida sem a colaboração e união de forças”. Beltrame ressaltou que o Estado vive uma guerra contra o crime composto por várias batalhas. Ele lembrou que ainda há muito o que fazer para libertar a população do Rio de Janeiro do domínio do tráfico de drogas. Para ele, a recuperação do complexo do Alemão foi a mais importante conquista das forças de segurança.

- Não vencemos a guerra ainda, mas vencemos mais difícil e mais importante batalha que foi a retomada do complexo do Alemão. Nós conseguimos vencer essa luta.

Além disso, Beltrame disse que continua o processo de varredura nas casas do conjunto de favelas em busca dos traficantes e suspeitos que ainda estariam na comunidade. De acordo com o secretário, não há ainda um balanço fechado, das prisões e apreensões de drogas e armas no compledo do Alemão.

- A cada hora ocorre uma prisão ou drogas e equipamentos usados pelo tráfico são apreendidos no Alemão. Mas assim que todo esse material for contabilizado pela Polícia Civil, faremos um balanço definitivo.

Mas a assessoria da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro informou que, até as 20h deste domingo (28), foram apreendidas 40 toneladas de maconha no complexo do Alemão. Ao menos 50 fuzis - um deles de fabricação austríaca, com grande poder de fogo - foram encontrados após a ocupação do território pelas tropas militares e policiais.

Na coletiva, o secretário de segurança estava acompanhado o comandante do CML (Comando Militar do Leste), general Adriano Pereira Junior, o superintendente da Polícia Federal do Rio, Ângelo Gioia, e o superintendente da Polícia Rodoviária Federal, Antônio Vital. Os representantes das forças de segurança disseram continuarão a dar apoio nas ações de ocupação no complexo do Alemão.

Mais cedo, o comandante da Polícia Militar, Mário Sérgio Duarte, afirmou que criminosos do Alemão já tentaram invadir a Rocinha e o Vidigal, que são dominadas por um grupo rival.

A operação no Complexo do Alemão faz parte da reação da polícia à onda de violência que tomou conta do Rio de Janeiro na última semana, quando dezenas de carros foram incendiadas em vários pontos do Rio de Janeiro e houve ataques a policiais.

A ação dos criminosos foi vista pelo governo estadual como uma resposta às UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) instaladas nos dois últimos anos em comunidades antes dominadas pelo tráfico.

Para conter os ataques, a polícia, com apoio das Forças Armadas, realizou uma grande ofensiva na última quinta-feira (25) na Vila Cruzeiro, forçando a fuga de centenas de traficantes para o vizinho Complexo do Alemão, onde foram cercados nos dois dias seguintes.